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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Colégio jesuíta permite que casal gay participe de baile de formatura

Colégio jesuíta McQuaid, de Brighton Nova York, nos EUA.

Dois adolescentes gays que frequentam o colégio jesuíta McQuaid estão sendo acolhidos para participar do baile de formatura como um casal.

O McQuaid Jesuit High School é um colégio católico masculino de Brighton, Nova York. Segundo o site Rochesterhomepage.net, um abaixo-assinado de apoio aos estudantes foi rapidamente criado na internet depois que os meninos pediram permissão para participar do baile de formatura como um casal.
Pouco tempo depois, o diretor do colégio, padre Edward Salmon, enviou uma nota detalhada aos pais no dia 27 de março, dizendo: "Se os nossos dois irmãos que pediram para participar do Baile de Formatura desejarem fazê-lo, eles serão bem-vindos".
Eis a nota.

Queridas Irmãs e Irmãos da nossa Comunidade Jesuíta McQuaid:

O nosso novo Santo Padre, o Papa Francisco, na homilia de sua missa inaugural, proferiu palavras encorajadoras e convidativas: "Também hoje, perante tantos sinais de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos, nós mesmos, esperança. Cuidar da criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um raio de luz em meio a tantas nuvens".
Escuridão e nuvens pesadas se juntaram aqui no McQuaid, recentemente, por causa de desinformação, medo, incompreensão e até mesmo raiva. Essa desinformação, medo, incompreensão e até mesmo raiva surgiram depois que dois dos nossos irmãos perguntaram se poderiam participar do Baile de Formatura juntos. Na escuridão da desinformação, do medo, da incompreensão e da raiva, juntamente com o Papa Francisco, eu convido e encorajo a todos e a cada um de nós da família McQuaid a sermos homens e mulheres que tragam esperança uns para os outros. Eu convido e encorajo a todos e a cada um de nós da família McQuaid a sermos homens e mulheres que olham para o outro com ternura e amor. Eu convido e encorajo a todos e a cada um de nós da família McQuaid a abrirmos um horizonte de esperança, a deixarmos um raio de luz romper as nuvens pesadas.
Eu mesmo gostaria de deixar um raio de luz romper as nuvens corrigindo algumas desinformações. Simplesmente não é verdade, como foi noticiado e como muitos parecem ter assumido, que uma decisão tenha sido tomada pelas autoridades do McQuaid de não permitir que os jovens em questão participem do Baile de Formatura. Nenhuma decisão foi tomada.
Eu gostaria de deixar um raio de luz entrar na escuridão do medo. Eu, juntamente com a Conferência Episcopal dos Estados Unidos, em sua mensagem pastoral Always Our Children, peço que "todos os cristãos e cidadãos de boa vontade enfrentem seus próprios medos acerca da homossexualidade e contenham o humor e a discriminação que ofende as pessoas homossexuais. Entendemos que ter uma orientação homossexual traz consigo suficiente ansiedade, dor e preocupações relacionadas com a autoaceitação sem que a sociedade traga um tratamento preconceituoso adicional".
Eu gostaria de deixar um raio de luz entrar em uma possível incompreensão do ensino da Igreja. Nessa mesma mensagem, Always Our Children, os bispos são claros – "Nada na Bíblia ou no ensino católico pode ser usado para justificar atitudes e comportamentos preconceituosos ou discriminatórios". Os bispos continuam: "Também é importante reconhecer que nem uma orientação homossexual, nem uma orientação heterossexual levam inevitavelmente à atividade sexual. A personalidade total de cada um não é redutível à orientação ou comportamento sexuais". Nessa mesma mensagem, os bispos se referem a uma Carta de 1986 da Congregação para a Doutrina da Fé, que enfatiza que "o respeito pela dignidade dada por Deus a todas as pessoas significa o reconhecimento dos direitos e responsabilidades humanos. Os ensinamentos da Igreja deixam claro que os direitos humanos fundamentais das pessoas homossexuais devem ser defendidos, e que todos nós devemos nos esforçar para eliminar quaisquer formas de injustiça, opressão ou violência contra elas".
Os bispos continuam: "Não é suficiente apenas evitar a discriminação injusta. As pessoas homossexuais 'devem ser acolhidas com respeito, compaixão e delicadeza' (Catecismo da Igreja Católica, n. 2.358). Elas, assim como é verdade para cada ser humano, precisam ser alimentadas em muitos níveis diferentes simultaneamente. Isso inclui amizade, [fraternidade] que é uma forma de amar e é essencial para o desenvolvimento humano saudável. É uma das experiências humanas mais ricas possíveis. A amizade pode e deve prosperar fora do envolvimento sexual".
Por último, eu gostaria de deixar um raio de luz entrar na escuridão que a raiva pode trazer. Com base na desinformação que está circulando e em uma certa incompreensão sobre o ensino da Igreja, algumas pessoas começaram a postar comentários preconceituosos e humilhantes nas mídias sociais. Falar, escrever ou agir com raiva geralmente não é útil. Outros, no entanto, profundamente preocupados com a dignidade e o respeito por todas as pessoas, escreveram e-mails reflexivos e encorajadores às autoridades do McQuaid.
Em conclusão, e na esperança de que eu e todos nós do McQuaid deixemos um raio de luz romper a escuridão e as nuvens pesadas que nos circundam, tomei a decisão de que, se os nossos dois irmãos que pediram para participar do Baile de Formatura juntos desejarem fazê-lo, eles serão bem-vindos.
Com essa decisão, eu não estou contradizendo os ensinamentos da Igreja Católica Romana com relação à sexualidade humana; não estou encorajando nem consentindo com a atividade homossexual, assim como não estou encorajando ou consentindo com a atividade heterossexual em um baile. Eu não estou contrariando a oposição da Igreja à redefinição do matrimônio. Com essa decisão, eu convido e encorajo a todos nós, como o Papa Francisco faz, a exercer o cuidado, a proteção, a bondade que demanda uma certa ternura "que não é a virtude dos fracos, antes, pelo contrário, denota fortaleza de ânimo e capacidade de atenção, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, capacidade de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!"
Sinceramente no Senhor,

Edward F. Salmon, S.J.

Diretor


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