Páginas

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Breves e profundas

ESTILO BOTA E ESPORA

Chantagem parlamentar não é novidade na atuação da bancada ruralista e foi experimentada por todos os governos. Em investida recente contra os direitos indígenas, a bancada fez convocação arbitrária de ministros e obstrução de votações de interesse do governo para paralisar a demarcação de terras e reivindicar medidas de restrição de direitos emanadas do Executivo. Nesse contexto, pela terceira vez em 2013, o presidente da Câmara, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN) acolheu a pressão dos ruralistas e abençoou a comissão que analisará a  PEC 215, sabendo estar reiterando uma declaração de guerra contra os índios.


ESQUERDA DOLARIZADA

Em toda a América Latina, o paradigma é o mesmo: produzir para avançar. Até bem pouco tempo a esquerda era uma pedra incômoda no sapato do capital. Hoje a esquerda precisa do auxílio do capital para sua política de governo. “Não fomos capazes de realizar qualquer reforma estrutural que negasse a lógica do capital no processo de desenvolvimento da América Latina, ao contrário, entramos na última moda da Quinta Avenida de Nova York, o neo-desenvolvimentismo”. O comentário é do ativista social João Paulo Medeiros, professor UERN em Mossoró, integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares – RENAP.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Indigesta salada pantaneira

No MS, estado onde PT e PSDB “ameaçam” caminhar unidos nas próximas eleições, Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi até aclamado candidato às eleições presidenciais pela parte tucana mais conservadora no famigerado Leilão dos Ruralistas. Zeca do PT aproveitou a presença de peessedebistas no leilão para tentar mostrar “a distância entre o que pregam os dois partidos. Mesmo assim, uma possível chapa PT/PSDBem 2014 continua na pauta. Mesmo sem o aval do ex-governador Zeca e outras lideranças do PT, continuam as negociações para a criação de uma chapa com a candidatura de  Reinaldo Azambuja (PSDB) ao senado, incluindo ainda o conservador Fábio Trad (PMDB) e alguém do PTdoB na chapa do senador Delcídio Amaral, pré-candidato do PT ao governo.

INDÍGENAS EM PÂNICO

Comunidades indígenas, principal-mente as do Mato Grosso do Sul, se dizem de luto, mas atentas. Pois, com  mordomia, churrasco, cerveja gelada, presença e discursos de senadores da República, deputados federais e estaduais, acabou acontecendo, sábado passado, o polêmico ‘Leilão da Resistência’ promovido por pecuaristas do Mato Grosso do Sul para arrecadar recursos para financiar ações contra retomadas de áreas indígenas.
A estrela da abertura foi o deputado federal goiano, Ronaldo Caiado (DEM) que ao falar aos presentes disse que o leilão era “a resistência democrática que o Mato Grosso do Sul levantava naquele momento”. “Chega de desrespeito ao cidadão que faz e que produz”, bradou Caiado seguido dos aplausos entusiasmado dos presentes. Foram ouvidos, inclusive gritos de “Caiado presidente” e “Já ganhou” no meio do público e do palanque. O parlamentar goiano falou da possível realização de um leilão similar também no seu estado, no Mato Grosso e Tocantins.
O evento arrecadou R$ 640,5 mil com o arremate dos lotes de animais e cereais, segundo o diretor da Leiloboi, Carlos Guaritá. E, por decisão da Justiça, esse dinheiro deverá ser depositado em juízo e liberado somente ao final de processo protocolado pelas comunidades indígenas. A Funai e o advogado que representa os indígenas, Luiz Henrique Eloy, ainda não se manifestaram a respeito do resultado do leilão que tentaram, de todas as formas impedir.
Índios, Funai e ONGs ambientalistas e religiosas ligadas à causa indígena acreditam que o dinheiro será destinado à criação de milícias armadas para atacar as reservas e impedir a retomada das terras dos índios invadidas por grandes empresas agropecuárias. o presidente da Associação dos Criadores do estado (Acrissul), Francisco Maia, não desmente as acusações.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DISSERAM POR AÍ...

Cadeia no padrão Fifa!

“E atenção! Manifestantes petistas vão a Brasília para uma nova exigência, petistas gritam: "Papuda padrão Fifa! Queremos Papuda Padrão Fifa!"

Pais no padrão cadeia!
“Condenação mesmo é ficar solto, com um salário mínimo por mês, tomando metrô na praça da Sé às seis da tarde e, quando chega em casa, encontra a sogra de chinelo e calcanhar rachado! Isso é que é uma Papuda Padrão Fifa!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 03-12-2013.


E dá-lhe Copa!

“Veja a preocupação do governo federal com possíveis manifestações durante a Copa. Militares do Ministério da Defesa se reuniram semana passada com o pessoal da Secretaria de Segurança para Grandes Eventos da Polícia Federal. Querem, por exemplo, que a Fan Fest de Brasília, aquela festa grátis que ocorre fora do estádio na hora em que a bola estiver rolando, seja em Taguatinga, em vez de na Esplanada” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 02-12-2013.


Ou seja...

“Querem o povo longe das sedes dos três poderes” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 02-12-2013.

Eu não entendo a juventude transviada...

Considerados a vanguarda dos costumes até bem pouco tempo, os jovens estão se tornando na atualidade o mais forte bolsão reacionário da sociedade. Isto é o que concluiu uma pesquisa realizada mês passado  com 1.208 jovens entre 18 e 29 anos em 15 estados e no Distrito Federal, sendo 55% mulheres.
A pesquisa Juventude, Comportamento e DST/Aids, encomendada pela Caixa Seguros, surpreende com o  alto grau de desinformação, preconceito de gênero e contra homossexuais revelados entre os jovens. .
Pouco mais de quatro em cada dez jovens entrevistados concordam, total ou parcialmente, com a ideia de que mulheres que se vestem de forma insinuante não podem reclamar se sofrerem violência sexual e pouco mais de 10% são indiferentes a esse tipo de violência.
Para o coordenador da pesquisa, Miguel Fontes, que é doutor em saúde pública, o machismo ainda está muito presente entre os jovens, “principalmente os homens”. Pouco mais de 9% dos entrevistados concordam ou são indiferentes ao fato de um homem agredir uma mulher porque ela não quis fazer sexo e pouco mais de 11% têm a mesma opinião com relação a homens que batem na parceira que o traiu.
Para a socióloga do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) Jolúzia Batista, essa geração de jovens sofreu um avanço conservador nos últimos anos. Na sua opinião, uma educação não sexista nas escolas é fundamental para mudar esse cenário. “Nós vemos que hoje a violência surge como uma forma de colocar a mulher nos trilhos, de corrigi-la. É preciso investir em educação para mudar isso“, defende.
Para a pesquisa foram entrevistados  Os critérios da coleta de dados, feita em 2012, são semelhantes aos adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-Ibge. O trabalho foi concebido e analisado pela John Snow Brasil Consultoria, e a coleta de dados foi feita pela Opinião Consultoria.
Entre os jovens entrevistados, apenas 30% estudam e 56% já foram reprovados no colégio. Mais da metade são católicos e quase um terço, evangélicos. De cada dez, seis acessam a internet com frequência e cinco navegam pelo menos duas horas por dia. A maioria perdeu a virgindade entre os 14 e os 18 anos, 10% ainda não tiveram relação sexual, 95% se declararam heterossexuais, 3% disseram ser bissexuais e os 2% restantes, homossexuais.
Ton Alves
com Aline Valcarenghi, da Agência Brasil.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

DISSERAM POR AI...

Acumular, pra que?
“Pobre é quem precisa de muito. Tenho um tipo de riqueza que muitos não ambicionam. Desprezo a acumulação de dinheiro.”

Paixão doentia
“O dogmatismo é uma doença crônica da esquerda latino-americana. Acreditamos que somos possuidores de uma verdade absoluta. Mas se penso que meu vizinho deve pensar como eu, estamos fritos”

JOSÉ MUJICA(foto), presidente do Uruguai
para a Folha de S. Paulo, 01-12-2013

Verdadeiro óbvio ululante

“O capital está indo bem, mas as pessoas estão indo mal”


DAVID HARVEY, professor da Universidade da Cidade de Nova York
 autor do livro Os limites do capital(Editora Boitempo)
para  CartaCapital, 01-12-2103



Tecnocracia presidencial
“Tenho grande admiração pela presidente (Dilma), é uma tecnocrata muito competente, muito trabalhadora, tem ideias todas na direção correta. Na implementação, sempre há problemas, mas ela está plantando um Brasil que vai voltar a crescer”.

ANTONIO DELFIM NETTO, economista
para o Zero Hora, 01-12-2013

Debaixo das asas da velha
“Quase 25% dos brasileiros entre 25 e 34 anos moram com os pais. São dados divulgados há dias pelo IBGE. Sessenta por cento desse contingente são homens. Isso equivale a quase 30 milhões de marmanjos sob as ordens de mamãe. Não admira que as mulheres se queixem de que não há mais homem para casar. Para que casar se eles têm a velha para lhes passar as cuecas, aplicar o termômetro e assoprar a sopa?”

RUY CASTRO, escritor
Para a Folha de S. Paulo, 02-12-2013.


Correndo sozinho também se cansa
“Mesmo que o Partido dos Trabalhadores ganhe as eleições de 2014, ele ruma para um esgotamento, talvez mesmo uma estagnação. Considero bom o seu governo, mas por quanto tempo o PT disputará a hegemonia no país? Sua maior vantagem hoje está na fraqueza dos adversários”.

RENATO JANINE RIBEIRO, professor de Filosofia

Valor, 02-12-2013

domingo, 1 de dezembro de 2013

A mais longa viagem: rumo ao próprio coração

Observava o grande conhecedor dos meandros da psiqué humana C.G. Jung: a viagem rumo ao próprio Centro, ao coração, pode ser mais perigosa e longa do que a viagem à lua. No interior humano habitam anjos e demônios, tendências que podem levar à loucura e à morte e energias que conduzem ao êxtase  e à comunhão com o Todo.Há uma questão nunca resolvida entre os pensadores da condição humana: qual é a estrutura de base do ser humano? Muitas são as escolas de intérpretes. Não é o caso de sumariá-las.Indo diretamente ao assunto diria que não é a razão como comumente se afirma. Esta não irrompe como primeira. Ela remete a dimensões mais primitivas de nossa realidade humana das quais se alimenta e que a  perpassam em todas as suas expressões. A razão pura kantiana é uma ilusão. A razão sempre vem impregnada de emoção, de paixão e de interesse. Conhecer é sempre um entrar em comunhão interessada e afetiva com o objeto do conhecimento.Mais que idéias e visões de mundo, são paixões, sentimentos fortes, experiências seminais que nos movem e nos põem marcha. Eles nos levantam, nos fazem arrostar perigos e até arriscar a própria vida.O primeiro parece ser a inteligência cordial, sensível e emocional. Suas bases biológicas são as mais ancestrais, ligadas ao  surgimento da vida, há 3,8 bilhões de anos, quando as primeiras bactérias irromperam no cenário da evolução e começaram a dialogar quimicamente com o meio para poder sobreviver. Esse processo se aprofundou a partir do momento em que, há milhões de anos, surgiu o cérebro límbico dos mamíferos, cérebro portador de cuidado, enternecimento, carinho e amor pela cria, gestada no seio desta espécie nova de animais, à qual nós humanos também pertencemos. Em nós ele alcançou o patamar autoconsciente e inteligente, Todos nós estamos  vinculados a esta tradição primeva.O pensamento ocidental, logocêntrico e antropocêntrico, colocou o afeto sob suspeita, com o pretexto de prejudicar a objetividade do conhecimento. Houve um excesso, o racionalismo, que chegou a produzir em alguns setores da cultura, uma espécie de lobotomia, quer dizer, uma completa insensibilidade face ao sofrimento humano e dos demais seres e da própria Mãe Terra. O Papa Francisco em Lampedusa face aos imigrados africanos criticou a globalização da insensibilidade, incapaz de se compadecer e de chorar.Mas, podemos dizer que a partir do romantismo europeu (com Herder, Goethe e outros) se começou resgatar a inteligência sensível. O romantismo é mais que uma escola literária. É um sentimento do mundo, de pertença à natureza e da integração dos seres humanos na grande cadeia da vida (Löwy e Sayre, Revolta e melancolia, 28-50).Modernamente o afeto, o sentimento e a paixão (pathos) ganharam centralidade. Esse passo é hoje imperativo, pois somente com a razão (logos) não damos conta das graves crises por que passa a vida, a Humanidade e  a Terra. A razão intelectual  precisa integrar a inteligência emocional sem o que não construiremos uma realidade social integrada e de rosto humano. Não se chega ao coração do coração sem passar pelo afeto e pelo amor.Um dado entretanto, cabe ressaltar entre outros importantes, por sua relevância e pela alta tradição de que goza: é a estrutura do desejo  que marca a psiqué humana. Partindo de Aristótles, passando por Santo Agostinho e pelos medievais como  São Boaventura( chama a São Francisco de vir desideriorum, um homem de desejos), por Schleiermacher, Max Scheler nos tempos modernos e culminando em Sigmund Freud, Ernst Bloch e René Girard nos tempos mais recentes, todos afirmam a centralidade da estrutura do desejo.O desejo não é um impulso qualquer. É um motor que dinamiza e põe em marcha toda a vida psíquica. Ele funciona como um princípio, traduzido também pelo  filósofo Ernst Bloch por princípio esperança.  Por sua natureza, o desejo é infinito e confere o caráter infinito ao projeto humano.O  desejo torna dramática e, por vezes, trágica a existência. Mas também, quando realizado, uma felicidade sem igual. Por outro lado, produz grave desilusão quando o ser humano identifica uma realidade finita como sendo o objeto infinito desejado. Pode ser a pessoa amada, uma profissão sempre ansiada, uma propriedade, uma viagem pelo mundo ou uma nova marca de celular.Não passa muito tempo e aquelas realidades desejadas lhe parecem ilusórias e apenas fazem aumentar o vazio interior, grande do tamanho de Deus. Como sair deste impasse tentando equacionar o infinito do desejo com o finito de toda realidade? Vagar de um objeto a outro, sem nunca encontrar repouso? O ser humano tem que se colocar seriamente a questão: qual é o verdadeiro e obscuro objeto de seu desejo? Ouso responder: este é o Ser e não o ente, é o Todo e não a parte, é o Infinito e não o finito.Depois de muito peregrinar, o ser humano é levado a fazer a experiência do cor inquietum  de  Santo Agostinho, o incansável homem do desejo e o infatigável  peregrino do Infinito. Em sua autobiografia,  As Confissões  testemunha com comovido sentimento:Tarde  te amei,  ó Beleza tão antiga e tão nova.Tarde  te amei.Tu me tocaste e eu ardo de desejo de tua paz. Meu coração inquieto não descansa enquanto não respousar em ti (livro X, n.27).Aqui temos  descrito o percurso do desejo que busca e encontra  o seu obscuro objeto sempre desejado, no sono e na vigília. Só o Infinito se adequa ao desejo infinito do ser humano. Só então termina a viagem rumo ao coração e começa o sábado do descanso  humano e divino.

Leonardo Boff
Leonardo Boff é teólogo e filósofo e escreveu Tempo de Transcendência: o ser humano como  projeto infinito,  Vozes 2002.
Extraído de: http://leonardoboff.wordpress.com

Gigantes do Norte desnorteados e esquerdas tombando à direita

A queda dos gigantes esfacela os mais frágeis
Não ha caminhos para quem não sabe para onde quer ir. Não há um rumo para a Humanidade enquanto não se estabelecer os verdadeiros valores e objetivos da sua caminhada. A derrocada dos gigantes econômico-militares do Ocidente,  leia-se Estados Unidos e União Europeia, será muito mais uma ex-plosão do que uma im-plosão. Ou seja, os solavancos finais dessas potências vão causar tantos danos externos quanto os internos. Não cairão, ou melhor, não estão agonizando sem atingir todo o planeta com os estilhaços de suas mega estruturas.
Esta previsão terrivelmente certeira  à qual tem se lançado a maioria dos estudiosos da política, da sociologia e da história recentes, pode ser confirmada a pelas aparentemente injustificadas intromissões dos E.U.A e da U.E. nos conflitos étnicos, religiosos e tribais da Líbia,  Síria, e do Mali.
E o pior, na realidade, apesar da tão propalada “crise do capitalismo”, não se pensa nem se apresenta, de forma realista e lógica, nenhuma alternativa ao “império do capital” nem uma tendência “anti imperialista” num horizonte próximo.
Enquanto o capitalismo ocidental está em crise, a curva ascendente do neocapitalismo asiático da China, Índia e seus satélites provocam novas crises produzidas pela selvagem exploração das classes trabalhadoras e pelas criminosas e anacrônicas relações de castas, etnias e quase silenciosas guerras de periferia.
Ainda, as principais forças anti imperialistas da América Central e do Sul, África e Ásia não são os movimentos progressistas, seculares e democratas ou socialistas. Os movimentos que enfrentam o imperialismo são religiosos, étnicos, misóginos, socialmente conservadores e muitas vezes separatistas.
Mas não é apenas no Terceiro Mundo que a confusão está formada. Nos E.U.A, uma linha muito tênue separa republicanos e democratas. Aliás, em terras do Tio San, já se foi o tempo em que republicano era sinônimo de conservador, e que democrata significava progressista.
Em quase todo o mundo as ideologias de esquerda se diluem. A socialdemocracia no Ocidente ziguezagueia entre suas propostas ideais e uma ação política hiper-realista que não é diferente do jeito liberal de governar. Fisiológica, fraca, moralista, apegada às suas conquistas passadas, incapaz de apresentar uma alternativa que mobilize a sociedade, a socialdemocracia está em crise. As esquerdas atualmente, quer queiram ou não, são menos que uma sombra do que já foram em décadas passadas.
Nos últimos 20 anos, a socialdemocracia vem perdendo suas tradicionais bases operárias e populares e ganhando o coração dos novos burgueses urbanos. Essa transformação de seu eleitorado transformou a esquerda e a relação de força dentro do jogo eleitoral em toda parte: os operários e as classes populares votam com a direita, os “novos modernos” na socialdemocracia.
Nesse caldeirão de identidades frágeis e transparentes, o que acaba tomando conta do imaginário popular é o niilismo e o recurso ao subjetivo. Novas religiões, ressurgimento das antigas e um indiferentismo vivencial é o jeito primeiro- mundista de viver a pós-modernidade. E o resto do mundo, como sempre, segue essa procissão de descrentes e iludidos rumo aos tempos que virão. Até quando? 

Chutes na soberania nacional

Torcedor corintiano estupefato diante do inexplicável acidente

“Mais uma vez a segurança dos trabalhadores parece ter sido sacrificada em nome da pressa em atender os prazos da Fifa”

Isto é o que garantiu o Comitê Popular da Copa de São Paulo, numa nota em que lamentou o falecimento dos dois funcionários no acidente nas obras do Itaquerão.

As obras do estádio que receberá a abertura da Copa do Mundo 2014 vem recebendo um punhado de críticas da parte de vários movimentos sociais.
O Comitê Popular citou esta tragédia como mais um dos vários motivos que fizeram a Fifa ser indicada a “pior corporação do mundo”. “Centenas de milhares de pessoas nas 12 cidades anfitriãs foram forçadas a deixar suas moradias, perdendo seus lares e subsistência. Além disso, a Fifa não tem nenhuma intenção de permitir que pequenas empresas e negócios familiares se beneficiem das oportunidades emergentes durante o torneio.
O site da premiação Public Eye Awards  avalia que a entidade, por meio da Copa, “contribui para a violação dos direitos humanos, assim como ao direito à moradia, direito de protestar e de trabalhar”. A  Eye Awards  elege todos os anos, desde 2000, a “pior corporação do mundo”, e o parâmetro para que se alcance tal “honraria” é a “prática de negócios irresponsáveis”. Em 2014, a Fifa, entidade que rege o futebol, é a principal concorrente da eleição.
A indicação da Fifa foi feita pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop), formada pelos 12 comitês das cidades sede da Copa do Mundo de 2014.

Na página que apresenta os candidatos, a Public Eye deu explicações sociais e políticas para a indicação da entidade do futebol. “A Copa do Mundo da Fifa contribui para a violação dos direitos humanos, assim como ao direito à moradia, direito de protestar e de trabalhar”. A votação vai até janeiro de 2013.

Surpresa(!?!?!?)

A Fifa, em resposta ao portal Terra, se disse surpresa com a indicação e se isentou de culpa nos motivos apresentados pelo Public Eyes. “Em todo o tempo [a Fifa] sublinhou com as cidades sede e outras autoridades a importância de que as instalações e estádios construídos ou reformados fossem de acordo com o interesse local.”
Quem quiser acreditar é que acredite. Eu, não!
E não estou sozinho nesta questão. Pela internet e através de mensagens via telefones celulares, milhares de pessoas se organizam para realizar uma mega manifestação de protesto contra os abusos praticados contra o povo brasileiro patrocinados pela Fifa com a desculpa de estar “trabalhando para o sucesso da Copa 2014”.   

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tem algo de podre no país do futebol


Nunca como agora a famosa frase “o preço da liberdade é a eterna vigilância” se tornou tão atual.  Axioma atribuído no Brasil ao brigadeiro Eduardo Gomes, nos Estados Unidos a John Stuart Mill e a Thomas Jefferson, tem, segundo alguns autores sua origem no mundo Greco-romano da Antiguidade. O certo é que a História já confirmou que, apesar de batida, essa citação nunca perde seu valor.
Contudo, embalados pelos índices de aceitação e simpatia nunca alcançado por um governo no Brasil, Dilma Roussef e seus verdadeiros aliados estão se esquecendo, dessa máxima. Enquanto festejam descontraidamente seu sucesso, a canalha inimiga conspira, age e aos poucos vai minando a base do projeto democrático tão duramente implementado nas duas últimas décadas.
Os ruralistas, os chamados “evangélicos”, os moralistas e todas as demais raias miúdas que compõem as forças conservadoras brasileiras, se aproveitam do despreparo político das massas e da euforia que embebeda os líderes governistas e ganham força. Capturam justamente os maiores beneficiados por um governo de justiça social, a chamada “nova classe média” para barrar avanços e fazer retroceder conquistas.
Isto porque, tiradas da miséria financeira pelas “bolsas” distribuídas a mão cheia e pelo aumento substancial, embora ainda injusto, do salário mínimo, essas pessoas ainda não estão a salvas do analfabetismo funcional e do ignorante senso de oportunismo imediatista de quem nunca teve muito para comer e viver.
Casos concretos podem ser apontados. O uso maquiavélico que a “grande mídia” fez do julgamento do chamado “mensalão; a votação da lei do Código Florestal que fez do ideal ambientalista do governo uma vitória dos devastadores e, mais recentemente, a imposição de um famigerado “pastor“ racista, misógino e homofóbico na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Isto sem falar no panorama que se desenha com vistas às eleições de 2014. O PSB, que se valeu do governo Lula para alcançar vitória em vários estados da federação começa a se revelar sua verdadeira índole. Mostra que de “socialista” não tem nada e de partido, menos ainda. Bem parecido com o MDB da época da ditadura militar, a sigla de propriedade do governador pernambucano de belos olhos, verdadeiro balaio de gatos de oportunistas, “ameaça” arregimentar outros pastores desarvorados para sua batalha antidemocracia.
“Deitado eternamente em berço esplêndido”, o Brasil não pode continuar dormindo. E quem tem a obrigação de acordá-lo são todos os que tem voz, e espaço para gritar. Qualquer indecisão pode gerar um passo em falso, e as raposas e abutres da política estão aí para aproveitar. O baile da Ilha Fiscal, o comício da Central do Brasil e outros eventos ingenuamente descuidados estão nos livros e na memória recente do país para mostrar que “a quem cochila, o cachimbo cai”, como dizia, sabiamente, minha vovó.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Guatemala. “Criança de sete anos morreu ao ser violada por vários soldados”

Manifestantes fazem vigília pacífica em frente ao Tribunal que julga o ex ditador: Antes tarde do que nunca!

Mesmo em uma sociedade endurecida pela violência como a guatemalteca, os testemunhos das mulheres da etnia Ixil, vítimas de violações em massa durante as incursões militares nas comunidades camponesas, comoveram, nesta terça, 2 de abril, todo o país, em uma nova sessão horripilante do julgamento do genocídio contra o ex ditador Efraín Ríos Montt.
Por respeito à dignidade das vítimas, a juíza Jazmín Barrios, que preside o julgamento pelas atrocidades cometidas entre 1982 e 1983, pediu à imprensa para não revelar os nomes destas mulheres, que recordaram diante da justiça o horror vivido há três décadas.
A primeira mulher a declarar narrou que tudo começou quando quatro soldados bateram à porta da sua humilde casinha. Entraram à força quando entreabriu a porta. “A primeira coisa que perguntaram foi se dávamos comida aos guerrilheiros. Respondi que sequer os conhecia”, disse a testemunha. “Na casa estava a minha filha, de 17 anos, e dois de seus irmãos menores. Os soldados a desnudaram, abriram à força suas pernas e começaram a violentá-la, na presença das crianças, que choravam de medo”.
Com a voz estremecida, esta mulher relatou que, quando quis ajudar sua filha, um dos soldados lhe deu uma coronhada na boca do estômago e outra na cara. A força do golpe, acrescentou, a fez cair. Perdeu um olho. Acrescentou que sua filha foi violentada pelos quatro na cama do casal. A perguntas da defesa, acrescentou que não conseguiria reconhecer os algozes, mas que tem a certeza de que eram soldados. Em meio à agressão, as crianças puderam fugir e procurar refúgio nas montanhas.
Outra testemunha disse que um grupo de soldados chegou até sua casa em torno das 21h. Levaram-na a um lugar descampado, onde a violentaram e a deixaram abandonada, nua. Acrescentou que nessa época tinha um bebê de 30 dias, que morreu calcinado quando os militares atearam fogo na sua casa. “Nem sequer pude enterrá-lo, porque a casa estava em cinzas e eu estava com muito medo”, acrescentou.
Estes fatos se repetiram contra a população camponesa em todas as zonas nas quais o Exército suspeitava da existência de acampamentos guerrilheiros e aplicava a doutrina da terra arrasada. As violações, segundo o relatório 
Recuperação da Memória Histórica (Remhi), da Conferência Episcopal Guatemalteca, “incluem a morte. Foram utilizadas como instrumento de tortura a escravidão sexual, com a violação reiterada da vítima”.
As estatísticas assinalam que os casos de violência sexual contra mulheres se deram em um de cada seis casos nos massacres perpetrados pelos soldados ou pelos paramilitares Patrulhas de Autodefesa Civil (PAC), voluntários utilizados como espiões e delatores de seus vizinhos.
Embora existam denúncias documentadas de 149 vítimas, acredita-se que houve bem mais, dados fatores como os sentimentos de culpa e de vergonha que acompanham estes crimes. Uma das mulheres que testemunharam pediu à juíza Jasmán Barrios que sua identidade não fosse revelada, porque nem sua família nem seu atual esposo sabiam que havia sido violentada.
Os testemunhos, muitos deles já recolhidos no relatório da Comissão de Esclarecimento Histórico, patrocinada pela ONU, ou no Remhi do bispo Juan Gerardi, adquirem uma nova dimensão quando cobram vida em mulheres que agora estão entre os 50 e os 60 anos, mas que naquela época eram apenas adolescentes.
“Se tens marido, então entre cinco e dez soldados te violentam. Se és solteira, então são 15 ou 20”, disse uma. “Meu tio ia por um caminho com sua filha e uma neta quando se depararam com uma patrulha militar. Conseguiram pegar as mulheres e uma menina, de sete anos morreu, porque foram muitos os soldados que ‘passaram’ sobre ela”.
Os requintes de crueldade deixam, literalmente, os cabelos em pé. “Alguns soldados estavam com sífilis ou gonorreia. A ordem foi que estes ficariam por último, quando os saudáveis já haviam violentado a vítima”. A isto é preciso acrescentar as gravidezes não desejadas. Todos os testemunhos concordam em assinalar os autores como membros do Exército ou das PAC.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Novas (esperançosas) surpresas do Papa Francisco


Parece que o novo Papa não vai mudar apenas a cadeira onde se senta. Se depender das suas idéias quando era apenas cardeal, aí vem mais novidades. Veja algumas das “surpresas”, pequenas e grandes, reveladas pelo Cardeal Jorge Mario Bergoglio, atual Papa Francisco, ou bispo de Roma, conforme prefere ser chamado. Elas estão no livro-entrevista de Sergio Rubin e Francesca Ambrogetti, com o título El Jesuíta, publicado na Argentina, e agora à venda também em outros países, entre eles a Itália.
Numa passagem do livro, Bergoglio critica as pregações dos conservadores:
Suas homilias (explicações do Evangelho na missa) que deveriam ser querigmáticas (que se referem às coisas realmente importantes da fé cristã), acabam sendo moralizantes. E dentro da moral – embora não tanto nas homilias como em outras ocasiões – prefere-se falar da moral sexual, de tudo o que tem algum vínculo com o sexo. Dizer que isso pode, aquilo não pode. Que isso é pecado, aquilo não. E então relegamos o tesouro de Jesus vivo, o tesouro do Espírito Santo em nossos corações, o tesouro de um projeto de vida cristã que tem muitas outras implicações para além das questões sexuais. Deixamos de lado uma catequese riquíssima, com os mistérios da fé, do Credo e acabamos nos centrando em se fazemos ou não uma marcha contra um projeto de lei que permite o uso da camisinha. 

Em outro momento, confessa: “Creio, sinceramente, que a opção básica da Igreja, na atualidade, não é diminuir ou tirar prescrições ou tornar mais fácil isto ou aquilo, mas sair às ruas para encontrar as pessoas, conhecer as pessoas por seu nome. Mas não só porque essa é sua missão, sair para anunciar o Evangelho, mas porque não fazê-lo produz prejuízo. [...] É verdade que, se alguém sai às ruas, pode lhe acontecer o que acontece a qualquer cidadão comum: acidentar-se. Mas prefiro mil vezes ter uma Igreja acidentada a uma Igreja doente”.
Será que a Cúria Romana vai permitir que Bergóglio viva e atue segundo suas convicções ou vai fazer dele um fantoche do obscurantismo autoritário e medieval que domina o Vaticano? 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Colégio jesuíta permite que casal gay participe de baile de formatura

Colégio jesuíta McQuaid, de Brighton Nova York, nos EUA.

Dois adolescentes gays que frequentam o colégio jesuíta McQuaid estão sendo acolhidos para participar do baile de formatura como um casal.

O McQuaid Jesuit High School é um colégio católico masculino de Brighton, Nova York. Segundo o site Rochesterhomepage.net, um abaixo-assinado de apoio aos estudantes foi rapidamente criado na internet depois que os meninos pediram permissão para participar do baile de formatura como um casal.
Pouco tempo depois, o diretor do colégio, padre Edward Salmon, enviou uma nota detalhada aos pais no dia 27 de março, dizendo: "Se os nossos dois irmãos que pediram para participar do Baile de Formatura desejarem fazê-lo, eles serão bem-vindos".
Eis a nota.

Queridas Irmãs e Irmãos da nossa Comunidade Jesuíta McQuaid:

O nosso novo Santo Padre, o Papa Francisco, na homilia de sua missa inaugural, proferiu palavras encorajadoras e convidativas: "Também hoje, perante tantos sinais de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos, nós mesmos, esperança. Cuidar da criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um raio de luz em meio a tantas nuvens".
Escuridão e nuvens pesadas se juntaram aqui no McQuaid, recentemente, por causa de desinformação, medo, incompreensão e até mesmo raiva. Essa desinformação, medo, incompreensão e até mesmo raiva surgiram depois que dois dos nossos irmãos perguntaram se poderiam participar do Baile de Formatura juntos. Na escuridão da desinformação, do medo, da incompreensão e da raiva, juntamente com o Papa Francisco, eu convido e encorajo a todos e a cada um de nós da família McQuaid a sermos homens e mulheres que tragam esperança uns para os outros. Eu convido e encorajo a todos e a cada um de nós da família McQuaid a sermos homens e mulheres que olham para o outro com ternura e amor. Eu convido e encorajo a todos e a cada um de nós da família McQuaid a abrirmos um horizonte de esperança, a deixarmos um raio de luz romper as nuvens pesadas.
Eu mesmo gostaria de deixar um raio de luz romper as nuvens corrigindo algumas desinformações. Simplesmente não é verdade, como foi noticiado e como muitos parecem ter assumido, que uma decisão tenha sido tomada pelas autoridades do McQuaid de não permitir que os jovens em questão participem do Baile de Formatura. Nenhuma decisão foi tomada.
Eu gostaria de deixar um raio de luz entrar na escuridão do medo. Eu, juntamente com a Conferência Episcopal dos Estados Unidos, em sua mensagem pastoral Always Our Children, peço que "todos os cristãos e cidadãos de boa vontade enfrentem seus próprios medos acerca da homossexualidade e contenham o humor e a discriminação que ofende as pessoas homossexuais. Entendemos que ter uma orientação homossexual traz consigo suficiente ansiedade, dor e preocupações relacionadas com a autoaceitação sem que a sociedade traga um tratamento preconceituoso adicional".
Eu gostaria de deixar um raio de luz entrar em uma possível incompreensão do ensino da Igreja. Nessa mesma mensagem, Always Our Children, os bispos são claros – "Nada na Bíblia ou no ensino católico pode ser usado para justificar atitudes e comportamentos preconceituosos ou discriminatórios". Os bispos continuam: "Também é importante reconhecer que nem uma orientação homossexual, nem uma orientação heterossexual levam inevitavelmente à atividade sexual. A personalidade total de cada um não é redutível à orientação ou comportamento sexuais". Nessa mesma mensagem, os bispos se referem a uma Carta de 1986 da Congregação para a Doutrina da Fé, que enfatiza que "o respeito pela dignidade dada por Deus a todas as pessoas significa o reconhecimento dos direitos e responsabilidades humanos. Os ensinamentos da Igreja deixam claro que os direitos humanos fundamentais das pessoas homossexuais devem ser defendidos, e que todos nós devemos nos esforçar para eliminar quaisquer formas de injustiça, opressão ou violência contra elas".
Os bispos continuam: "Não é suficiente apenas evitar a discriminação injusta. As pessoas homossexuais 'devem ser acolhidas com respeito, compaixão e delicadeza' (Catecismo da Igreja Católica, n. 2.358). Elas, assim como é verdade para cada ser humano, precisam ser alimentadas em muitos níveis diferentes simultaneamente. Isso inclui amizade, [fraternidade] que é uma forma de amar e é essencial para o desenvolvimento humano saudável. É uma das experiências humanas mais ricas possíveis. A amizade pode e deve prosperar fora do envolvimento sexual".
Por último, eu gostaria de deixar um raio de luz entrar na escuridão que a raiva pode trazer. Com base na desinformação que está circulando e em uma certa incompreensão sobre o ensino da Igreja, algumas pessoas começaram a postar comentários preconceituosos e humilhantes nas mídias sociais. Falar, escrever ou agir com raiva geralmente não é útil. Outros, no entanto, profundamente preocupados com a dignidade e o respeito por todas as pessoas, escreveram e-mails reflexivos e encorajadores às autoridades do McQuaid.
Em conclusão, e na esperança de que eu e todos nós do McQuaid deixemos um raio de luz romper a escuridão e as nuvens pesadas que nos circundam, tomei a decisão de que, se os nossos dois irmãos que pediram para participar do Baile de Formatura juntos desejarem fazê-lo, eles serão bem-vindos.
Com essa decisão, eu não estou contradizendo os ensinamentos da Igreja Católica Romana com relação à sexualidade humana; não estou encorajando nem consentindo com a atividade homossexual, assim como não estou encorajando ou consentindo com a atividade heterossexual em um baile. Eu não estou contrariando a oposição da Igreja à redefinição do matrimônio. Com essa decisão, eu convido e encorajo a todos nós, como o Papa Francisco faz, a exercer o cuidado, a proteção, a bondade que demanda uma certa ternura "que não é a virtude dos fracos, antes, pelo contrário, denota fortaleza de ânimo e capacidade de atenção, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, capacidade de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!"
Sinceramente no Senhor,

Edward F. Salmon, S.J.

Diretor