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sábado, 23 de março de 2013

Um Papa que paga as próprias contas


Leonardo Boff: ele próprio exemplo vivo de ação coerente com as idéias que defende(Foto: arquivo pessoal)
O que convence as pessoas não são as prédicas mas as práticas. As ideias podem iluminar. Mas são os exemplos que atraem e nos põem em marcha. Eles  são logo entendidos por todos. As muitas explicações mais confundem que esclarecem. As práticas falam por si.
O que tem marcado o novo Papa Francisco, aquele “que vem do fim do mundo” quer dizer de fora dos quadros europeus tão carregados de tradições, palácios, espetáculos principescos e de disputas internas de poder, são gestos simples, populares, óbvios para quem dá valor ao bom senso comum da vida. Ele está quebrando os protocolos e mostrando que o poder é sempre uma máscara e um teatro bem puntualizado pelo sociólogo Peter Berger, mesmo em se tratando de um poder pretensamente de origem divina.
O Papa Francisco simplesmente obedece ao mandato de Jesus que explicitamente disse que os grandes deste mundo mandam e dominam: ”convosco não deve ser assim; se alguém quiser ser grande, seja servidor; quem quiser ser o primeiro, seja servo de todos; pois o Filho do homem não veio para ser servido mas para servir”(Mc 10-43-45). Bem, se Jesus disse isso, como pode  o garante de sua mensagem, o Papa, agir diferentemente?
Na verdade, com a constituição da monarquia absolutista dos Papas, especialmente, a partir do segundo milênio, a instituição eclesiástica herdou os símbolos do poder imperial romano e da nobreza feudal: roupas vistosas (como as dos cardeais), ouropéis, cruzes e anéis de ouro e prata e hábitos palacianos. Nos grandes conventos religiosos que vem da Idade Média se vivia em espaços palacianos.
Como estudante, no quarto em que me hospedava no convento franciscano de Munique que remonta ao tempo de Guilherme Ockham (século XIV) só um quadro renascentista da parede valia alguns milhares de euros. Como combinar a pobreza do Nazareno que não tinha onde repousar a cabeça com as mitras, os báculos dourados e as estolas e vestes principescas dos atuais prelados? Honestamente  não dá. E o povo que não é ignorante mas fino observador nota esta contradição. Tal aparato nada tem a ver com a Tradição de Jesus e dos Apóstolos.
Segundo alguns jornais, quando o secretário do Conclave quis colocar sobre os ombros do Papa Francisco a “mozzetta”, aquela capinha, ricamente adornada, símbolo do poder papal, simplesmente disse: ”O carnaval acabou; guarde esta roupa”. E apareceu com sua veste branca, como costumava vestir também Dom Helder Câmara que deixou o palácio colonial de Olinda e foi morar numa meia-água na igreja das Candeias, na periferia; como o fez também Card. Dom Paulo Evaristo Arns, sem falar de Dom Pedro Casaldáliga que vive numa casinha pobre, compartindo o quarto com algum hóspede.
Para mim o gesto mais simples, honesto e popular do Papa Francisco foi o de ir ao hotelzinho onde se hospedara (nunca se hospedava na grande casa central dos jesuítas em Roma) e foi pagar suas contas: 90 Euros por dia. Entrou e pegou ele mesmo suas roupas, arrumou a malinha, cumprimentou os funcionários e foi embora. Que potentado civil, que opulento milionário, que famoso artista faria tal coisa? Seria maliciar a intenção do bispo de Roma querer ver neste gesto, normal para todos nós mortais, uma intenção populista.
Não fazia a mesma coisa quando era cardeal de Buenos Aires, buscando seu jornal, comprando o que ia preparar para comer, indo de ônibus ou de metrô e preferindo se apresentar  como  “padre Bergoglio”?
Frei Betto cunhou uma expressão de grande verdade: ”a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam”. Efetivamente, se alguém sempre pisa em palácios e em suntuosas catedrais, acaba pensando na lógica dos palácios e das catedrais. Por esta razão, no domingo, celebrou missa na capelinha de Santa Ana, dentro do Vaticano que é considerada a paróquia romana do Papa. E depois foi conversar com os fiéis à porta.
Coisa notável e carregada de conteúdo teológico: não se apresentou como Papa, mas como “bispo de Roma”. Pediu orações não para o Papa emérito Bento XVI, mas para o bispo emérito de Roma, Joseph Ratzinger. Com isso ele retomou a mais primordial tradição da Igreja, a de considerar o bispo de Roma “o primeiro entre os pares”. Pelo fato de na cidade estarem sepultados Pedro e Paulo, ganhava especial proeminência. Mas esse poder simbólico e espiritual era exercido no estilo da caridade e não na forma do poder jurídico sobre as demais igrejas como  predominou no segundo milênio. Não me admiraria absolutamente se, como queria João Paulo I, resolvesse abandonar o  Vaticano  e fosse morar num lugar simples, com amplo espaço exterior para receber a visita dos fiéis. Os tempos estão maduros para este tipo de revolução nos costumes papais. E que desafio está representando para alguns movimentos leigos que buscam a riqueza e são sedentos de poder e para os demais prelados da Igreja:  viver  a simplicidade voluntária e a sobriedade condividida.

Texto reproduzido de: http://leonardoboff.wordpress.com/

quarta-feira, 20 de março de 2013

O tenebroso Banco do Vaticano

Sede o Banco do Vaticano: sem janelas para o mundo

O sigilo inviolável é uma das características do Vaticano. O Instituto para as Obras de Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, então, está envolto em tenebrosos  mistérios…
O professor de história da Universidade de Cambridge, John Pollard, falou à Euronews sobre o passado recente do Banco do Vaticano e dá alguns conselhos ao novo Papa Francisco, sobre como pode ultrapassar as resistências internas do IOR.

Euronews: Pode-se dizer que o banco do Vaticano esconde alguns segredos perigosos e que é, talvez, o último paraíso fiscal?
John Pollard : “Paraíso fiscal creio que é um pouco exagerado. O Vaticano não é como as Ilhas Caiman, Guernesei, Jersey ou mesmo o Luxemburgo. Mas, com certeza, tem segredos e existem algumas evidências que sugerem que nem todas as suas atividades nos últimos anos, são transparentes. Uma das questões levantadas pelo escândalo “Vatileaks” foi a questão do controle sobre o banco. Demonstrou existir uma grave divisão entre os membros da Cúria, que é o governo central da Igreja Católica no Vaticano, sobre como controlar o banco e em relação ao grau de transparência que o Banco do Vaticano deve adotar nas suas transações.”

En: IOR foi envolvido em muitas controvérsias financeiras e políticas. A direção foi implicada na falência do Banco Ambrosiano mas nunca foi levada perante a justiça.
Pollard: “Sim. Os anos 80 não foram um bom momento para o Banco do Vaticano. Eles envolveram-se numa série de dificuldades muito sérias. Na época o banco, era liderado pelo arcebispo Paul Marcinkus, um americano de Nova Iorque, e estava muito envolvido com um banco ‘católico’. Creio ser esse o termo certo. Um banco com sede em Milão, no norte de Itália, o Banco Ambrosiano e, eventualmente, foram obrigados a pagar 250 milhões de dólares. Eles disseram que fizeram isso voluntariamente porque tinham um sentido de responsabilidade moral para com esse colapso bancário mas, claro que todos sabemos que o diretor do Banco Ambrosiano se suicidou, ou foi assassinado, debaixo de uma ponte em Londres. Agora temos os mesmos problemas mas não à mesma escala. Ettore Gotti Tedeschi foi demitido pelo Secretário de Estado por má conduta profissional. Ele foi acusado, pelas autoridades bancárias italianas, de lavagem de dinheiro. Por isso é muito sério.”

En: Que tipo de lavagem de dinheiro?
Pollard: “Quanto à lavagem de dinheiro, não é completamente claro saber quem foi o mandante, ao contrário da última vez. Na década de 80, suspeitou-se que seria ao serviço da máfia, agora o montante é pequeno, são cerca de 23 milhões de dólares, pouca coisa para os dias de hoje.”

En: O Papa anterior tentou transformar o IOR mas acredita-se que tenha falhado…
Pollard :“Temos de ser justos com Bento XVI. Nos últimos dois ou três anos de pontificado ele realizou algumas mudanças muito importantes no banco. Em primeiro lugar, criou uma autoridade de informação financeira, em outras palavras, uma autoridade no interior do Vaticano, em linha com a União Europeia e com a legislação do Conselho da Europa para supervisionar as atividades do banco. Demitiu Gotti e nomeou o alemão Ernst von Freyberg. Por isso, nos próximos anos os historiadores dirão que foi sob a alçada de Bento XVI que a situação do Banco do Vaticano melhorou seriamente.”

En: Tem alguns conselhos para o novo Papa?

Prof. John Pollard

Pollard : “O meu primeiro conselho seria para ele estar alerta pois o Vaticano é um lugar perigoso. Para ser forte, para ser persistente pois está a enfrentar um sistema de poder com 2.000 anos e que tem uma cultura profundamente enraizada de poder, autoridade e falta de transparência. Ele tem de ser bastante forte para conseguir ultrapassar isso.”

Copyright © 2013 euronews

Todo mundo vai de carro...(afff!!!)

Avenida Paulista(SP): foto uolnotícias

Nas grandes cidades brasileiras, caminhar para se locomover é cada vez menos comum. A tendência, resultado da maior motorização e da urbanização de áreas distantes das regiões onde estão serviços e ofertas de empregos, tem como efeitos colaterais uma interação mais superficial das pessoas com sua própria cidade, e o aumento no número de congestionamentos. A reportagem é de Fernanda Trisotto e publicada na Gazeta do Povo, 19-03-2013.

Segundo dados do relatório Sistemas de Informação da Mobilidade Urbana, organizado pela Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), a participação da caminhada no total de deslocamentos feitos pelos brasileiros caiu 2,1% de 2003 para 2011. No mesmo período, o transporte individual (carro ou moto) cresceu a mesma porcentagem em comparação aos outros modais.
A opção pelo transporte coletivo também perdeu espaço. Em 2003, ônibus e metrôs eram o segundo modo de locomoção mais utilizado. Oito anos depois, foram ultrapassados pelo transporte individual e agora estão em terceiro lugar.
Para o engenheiro e sociólogo Eduardo Alcântara de Vasconcellos, assessor da ANTP, os dados do relatório, associados aos números de crescimento das frotas de automóveis e motocicletas, permitem concluir que há uma mudança no padrão de mobilidade urbana no Brasil, com a predominância de veículos privados no total de viagens feitas por modos motorizados.
O professor Fábio Duarte, coordenador do doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná(PUCPR) lembra que essa tendência se revela quando se compara o crescimento populacional com o aumento no número de carros. “Em dez anos, a população de Curitiba, por exemplo, cresceu 8%, enquanto no mesmo período houve um crescimento de mais de 60% no número de carros, quase 80% se considerarmos todos os veículos, incluindo motos”, diz.
Além da crescente motorização da população – que foi incentivada pelo governo federal, com a redução de tributos que incidem sobre os carros –, outro fator que contribui para a diminuição da caminhada é a forma como as cidades brasileiras desenvolveram sua urbanização. “Em Curitiba, foi criado um eixo de desenvolvimento para oferecer infraestrutura de transporte. A gente possibilitou isso, fez com que as cidades não fossem compactadas”, observa a professora Márcia de Andrade Pereira, do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná.
Ela também cita o caso de Brasília, uma cidade notadamente planejada para veículos. “A gente não quer isso para Curitiba e precisamos rever nosso plano diretor. Já estamos atrasados”, afirma.
Por uma confraria de caminhantes
Há alguns anos, a escritora Cléo Busatto aposentou sua carteira de motorista. Mas isso não a impede de circular livremente por Curitiba, caminhando. Depois da decisão, Cléo diz que não se estressa com o trânsito, colabora com o planeta, faz exercício e entende o ato de caminhar como “um deleite.” “Mesmo que eu tenha opção de ir para algum lugar de outra forma, prefiro andar porque assim eu vejo a cidade”, diz.
Para ela, caminhar pela cidade significa olhar aquilo que parece invisível. “Quem sabe que nas ruas do Centro antigo têm pitangueiras ou que a [Avenida] Visconde de Guarapuava tem goiabeiras carregadas?”, indaga. Apesar da opção por não ter carro, a escritora não é radical: quando precisa ir até um lugar mais longe, usa táxi e transporte coletivo.
Além de economizar, ela leva vantagem também na conexão com outras pessoas. “Há uma pré-disposição de quem está andando em te olhar. É como se você criasse uma confraria de pessoas que andam.”
Desculpas
A escritora acredita que as pessoas dão muitas desculpas para não usar outros tipos de meios de transporte que não o carro – chegar suado no destino é um deles. “Lógico que segurança é importante e Curitiba precisa, sim, olhar com atenção para essa questão, mas as pessoas são extremamente preguiçosas para andar”, argumenta.
Reverter a motorização é ainda possível
Ainda há tempo para as cidades reverem seus planos e incentivarem a adoção de modos mais funcionais do que o carro. Para isso, o engenheiro e sociólogo Eduardo Alcântara de Vasconcellos, assessor da Associação Nacional dos Transportes Públicos, aponta dois tipos de medidas. “Primeiro, ações que melhorem as condições de conforto e segurança ao caminhar, usar a bicicleta ou o transporte público. Depois, limitar o uso inadequado ou excessivo do automóvel, com medidas de restrição de circulação ou de desincentivo ao seu uso”, opina.
O professor Fábio Duarte, da PUCPR, avalia que em Curitiba o momento é bom para uma revisão do Plano Diretor de Transportes. Para ele, a cidade precisa mostrar que dá prioridade aos modos de deslocamentos não motorizados ou coletivos. Isso pode ser feito com travessias elevadas de boa qualidade, calçadas bem feitas e conservadas, semáforos para pedestres, além de ciclovias e ciclofaixas compartilhadas e ônibus circulando nos horários corretos, sem lotação excessiva.

Frases, mais frases...


É loucura mesmo...
"São Paulo é um grande manicômio. Eu não consigo entender como os milhões de pessoas que vivem aqui passam horas no carro a caminho do escritório, com tantas ferramentas tecnológicas para trabalhar de casa” – Domenico de Masi, sociólogo italiano – Folha de S. Paulo, 20-03-2013.

Descanso criativo
Dificilmente as grandes ideias surgem no ambiente de trabalho" – Domenico de Masi, sociólogo italiano – Folha de S. Paulo, 20-03-2013.

Poder que vem da fé, ou da crendice
“Apesar da pompa e da fama, a receita da Cúria Romana (cerca de R$ 700 milhões) é menor que a da Prefeitura de Nova Iguaçu (R$ 1,1 bilhão). Ela tem um braço financeiro no Banco do Vaticano, cujo ativo (R$ 16 bilhões) o coloca como um tamborete diante do Itaú (R$ 1 trilhão). Sua força está no poder que irradia” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 20-03-2013.

Marteladas certeiras
"Há muitos [juízes] para colocar para fora. Esse conluio entre juízes e advogados é o que há de mais pernicioso. Nós sabemos que há decisões graciosas, condescendentes, absolutamente fora das regras" – Joaquim Barbosa, presidente do STF – Folha de S. Paulo, 20-03-2013.

Outra martelada
"Não há nada demais juiz receber advogado, mas o que custa trazer a parte contrária ao advogado? É a recusa, a falta dessa notificação, da transparência que faz o mal-estar" – Joaquim Barbosa, presidente do STF – Folha de S. Paulo, 20-03-2013.

Volta da dupla Rô-Rô
"É a nova dupla Rô-Rô" – deputado, comentando a parceria de Romário (PSB-RJ) com a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) contra José Maria Marin, da CBF, lembrando da dobradinha do colega com Ronaldo na seleção – Folha de S. Paulo, 20-03-2013.

Falta de criatividade é f...!!
“Claro que não merecem pena tão severa quanto a que baniu da seleção da Grécia o jogador que comemorou um gol de seu time com a clássica saudação nazista, mas outros gestos célebres de goleadores deveriam ser de alguma forma coibidos em campo! Basta, por exemplo, de coraçãozinho com as mãos, né não?!” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 20-03-2013.

Minha Casa, Minha santa dívida!
“Dilma Rousseff ofereceu ao Vaticano o programa Minha Casa, Minha Vida para que o novo papa possa cumprir a missão conferida por Cristo: "Vai Francisco, conserta a minha casa que está caindo em ruínas!" – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 20-03-2013.

terça-feira, 19 de março de 2013

Frases e mais frases!

Que beijinho doce!!!!-Foto:Forum

O primeiro beijo a gente não esquece
“Nunca um Papa tinha me beijado” – Cristina Kirchner, presidente da Argentina – O Globo, 19-03-2013.

Rivalidade antiga
“Tem pichação nova nos muros da Igreja Universal: "O Bispo Macedo, pelo menos, não é argentino!" – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 19-03-2013.

Manda ver, presidenta...
"Eu acho que ele tem um papel a cumprir. [A defesa dos pobres] é uma postura importante. É claro que o mundo pede hoje ir além disso. Que as pessoas sejam compreendidas e que as opções diferenciadas das pessoas sejam compreendidas" –Dilma Rousseff, presidente da República – Folha de S. Paulo, 19-03-2013.

Jango assassinado
"Há indícios que não podem ser desconhecidos da responsabilidade da Operação Condor [aliança entre ditaduras da América do Sul] com aquilo que não podemos fechar os olhos, que é a possibilidade muito clara de que o presidente João Goulart tenha sido assassinado" – Maria do Rosário, ministra – Folha de S. Paulo, 19-03-2013.

Zero à esquerda
“Brizola Neto não fez absolutamente nada para perder o cargo de ministro do Trabalho. Vai ver foi trocado justo por isso, né?” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 19-03-2013.

Vai suco de soda aí?!
“A Agência de Vigilância Sanitária levou três dias para proibir a comercialização dos chamados "sucos de soja cáustica", como ficaram conhecidos, desde a semana passada nos supermercados, os produtos à base de soja da marca Ades, contaminados com soda cáustica” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 19-03-2013.

Dilma pede compreensão ao Papa

Dilma e o papa em Roma-Foto:Correio Brasiliense

Dilma Rousseff pediu ontem ao papa Francisco que compreenda as "opções diferenciadas das pessoas" e alertou que apenas cuidar dos pobres não é suficiente.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-03-2013.
Dilma desembarcou em Roma com uma ampla delegação, justamente para demonstrar a importância da Igreja para o País. "É uma postura importante, um papa preocupado com a questão dos pobres no mundo", disse a presidente, ao sair de uma visita a um museu em Roma, referindo-se ao discurso de Francisco de combate à pobreza. "Ele tem um papel especial", acrescentou, apontando que esses foram alguns dos princípios básicos que inspiraram o cristianismo.
Mas alertou: "É claro que o mundo pede hoje, além disso, que as opções diferenciadas das pessoas sejam compreendidas". Cuidadosa para não ferir nenhum grupo de eleitores e apoio - nem evangélicos, nem gays, nem católicos, nem defensores do aborto -, Dilma não explicou sua declaração. Mas ela foi interpretada como uma alusão a temas polêmicos para a Igreja, como a expansão de igrejas evangélicas, o aumento do secularismo na sociedade, homossexualismo, aborto e até o uso de preservativos.
A relação entre o governo de Dilma Rousseff e a Igreja tem sido marcada por atritos. Semanas antes de sua eleição, em 2010, a campanha de Dilma foi surpreendida por uma declaração do papa Bento XVI aos bispos do Maranhão contra alguns dos pontos defendidos pela então candidata. Outro ponto que tem irritado o governo é a decisão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de fazer declarações sobre temas como o Código Florestal, leis no Congresso e pontos como o homossexualismo, aborto e outros temas. Nos bastidores, cardeais têm se queixado da posição do governo em relação à Igreja.
Dilma, porém, admite que o argentino não deve ter posições revolucionárias em relação a temas como casamento entre pessoas do mesmo sexo ou aborto. "Não me parece que seja um tipo de papa que vai defender esse tipo de posição", disse.
Hoje, ela estará na cerimônia de entronização do papa Francisco, ao lado de 150 autoridades de todo o mundo. A previsão é de que a presidente faça parte da fila de cumprimentos ao pontífice após a missa e os dois troquem algumas palavras. Francisco deve convidar Dilma para a Jornada Mundial da Juventude, organizado pela Igreja, que ocorrerá no Rio de Janeiro, em julho. Dilma ainda não confirmou sua participação.
Outro ponto que não deixa de irritar Dilma é a possibilidade de que o brasileiro Odilo Scherer fosse considerado como um dos favoritos no conclave. Questionada ontem sobre o que ela achava de um papa brasileiro, Dilma não disfarçou sua irritação. Depois de um breve silêncio, apenas respondeu: "Acho essa pergunta um pouco estranha", disse. "Ele (o papa Francisco) é latino-americano", insistia. "Acho que é uma afirmação da região."
No governo, a eventual eleição de Scherer era vista com desconfiança e até certa preocupação. Além de posições contrárias a algumas das políticas do governo, Scherer seria alguém que acabaria sendo ouvido para todos os temas domésticos e acabaria influenciando a agenda interna.
Dilma, apesar de estar em Roma, fez questão de declarar que o País não é apenas católico, já de olho no fato de que parte de seu governo tem na base os movimentos evangélicos. A presidente também comentou o comportamento da Igreja durante a ditadura na América Latina, um ponto delicado para Francisco. "Acho que a Igreja brasileira foi extremamente combativa contra a ditadura em geral", disse, afirmando que se lembrava em especial da ação dos dominicanos.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Frases para pensar!


 “Eu sei que ninguém mais diz coisas como “pelas barbas do profeta!”, mas acho que deveríamos ter uma expressão parecida pronta para os casos de grandes surpresas (minha sugestão: “Pelas coxas da Beyoncé!”) como a eleição de um papa inesperado. Guardadas as óbvias diferenças, a escolha do argentino Jorge Mario Bergoglio equivale a um daqueles prêmios Nobel de Literatura dado a um autor que só 17 pessoas no mundo conhecem, e 10 estão mentindo” – Luís Fernando Verissimo, escritor – Zero Hora, 18-03-2013.

Reza forte
“Na Venezuela corre a versão de que a escolha de Bergoglio foi resultado de um pedido feito pessoalmente a Deus pelo Hugo Chávez. Pode ser verdade, mas o que não contam é que a primeira reação do Senhor ao ouvir o nome do argentino foi “Quién?” – Luís Fernando Verissimo, escritor – Zero Hora, 18-03-2013.

Ave Maria!!!...
“Uma espécie de dom Eugênio Sales da Argentina” - Frei Betto, escritor, a respeito do Papa Francisco – O Globo, 17-03-2013.

Respeito é bom e eu gosto...
"Como muitos de vocês não pertencem à Igreja Católica, e outros não têm fé, dou de coração uma bênção, em silêncio, a todos. Respeitando a consciência de cada um, mas sabendo que todos são filhos de Deus" – Papa Francisco, ao final da audiência para seis mil jornalistas, em Roma, ontem, sábado – L’Osservatore Romano, 17-03-2013.

Seu passado lhe condena
“O passado não permite sentir odor de santidade no novo papa, até porque santos se revelam exatamente nos momentos difíceis. No caso da Argentina, durante a ditadura, o que estava em jogo era condenar a barbárie, não calar-se” – Clóvis Rossi, jornalista – Folha de S. Paulo, 17-03-2013.

Deus queira, mestre Leonardo!
“Apesar de o pensamento do Papa Francisco ser conservador em seu lado doutrinário, ele é um pastor na parte social e já falou muito, deu sinais muito claros, sobre a necessidade de se combater a desigualdade na América Latina. Neste aspecto, ele se aproxima muito à Teologia da Libertação. Seu papado pode representar uma volta àquela ideia de que é com justiça social, e não apenas com assistencialismo, que se ajuda aos pobres. E que é essa justiça social a única capaz de gerar uma democracia de verdade, uma democracia participativa” – Leonardo Boff, teólogo – O Globo, 17-03-2013.

Tomara que seja verdade...


"O religioso às vezes chama atenção sobre certos pontos da vida privada ou pública porque é o condutor da paróquia. Mas ele não tem direito de se meter na vida privada dos outros. Se Deus, na criação, correu o risco de nos tornar livres, quem sou eu para me meter?"

Frase do Papa Francisco no seu livro "Sobre el Cielo y la Tierra", que é um interessante diálogo do entãpo Cardeal Bergoglio com o rabino Abraham Skorka, publicado em 2012, com 215 páginas, à venda na Amazon por US$ 6,99.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Frases para pensar


Solidariedade goiana
“Dom Tomás Balduíno (foto), da ala progressista da igreja brasileira, era aguardado ontem em Caracas, na Venezuela, para as homenagens póstumas a Hugo Chávez. Um problema de saúde o impediu de embarcar. Além dele, o cantor Chico César e o ex-governador Olívio Dutra, do Rio Grande do Sul, estavam sendo esperados” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

Temor justificado
“Eu temia outro (Papa). A escolha significa mudança na pessoa do Papa. Evidentemente, o Papa sozinho não é a Igreja, mas é responsabilidade de todos” – Pedro Casaldàliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia – MT – O Globo, 15-03-2013.

Consciência papal
"A Igreja fez menos que deveria para proteger as vítimas da ditadura. Mas só a consciência do novo papa pode dizer onde ele falhou” – Renato Simões, secretário de Movimentos Populares do PT, sobre a conduta de Jorge Mario Bergoglio ante o governo militar na Argentina – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

Além da cúria
“Ficou claro que os cardeais foram buscar uma alternativa fora dos grupos de poder” – Marco Politi, jornalista – O Estado de S. Paulo, 15-03-2013.

Ao pé do ouvido
“Além de participar da posse do papa Francisco, na terça-feira, Dilma terá encontro reservado com o pontífice na véspera. Ela deve estar acompanhada de Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). A presidente deve tratar sobre a vinda do argentino à Jornada da Juventude, em julho, no Rio” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

Polêmica
“Escolhido para relatar o documento final da 5ª Conferência dos Bispos Latino-Americanos, de 2007, em Aparecida, Jorge Mario Bergoglio enfrentou polêmica na conclusão do texto, que propunha que a Igreja Católica fosse "ao encontro do povo" –Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

“Opus Dei, to fora”
“Além do embate que o então cardeal de Buenos Aires travou com a ala ligada à prelazia conservadora Opus Dei, o manifesto passou por modificações após a aprovação. Atribuídas nos bastidores ao Vaticano, as emendas alvejaram as Comunidades Eclesiais de Base, pilar dos progressistas” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

Simplicidade anacrônica
“Ele (Papa Francisco) nunca teve celular. Não sabe usar computador. Em novembro de 2011, me disse: quando deixar (a arquidiocese) vou estudar computação” – Virginia Bonard, que conhece Bergoglio, pois colabora com a arquidiocese e trabalha para publicações religiosas – O Globo, 15-03-2013.

Pesos e medidas
 “O que a presidente faz? Ela trabalha com meia dúzia de ministérios realmente chave. O resto é um processo que anda com delegações de menos peso” – Jorge Gerdau, empresário, presidente da Câmara de Políticas de Gestão da Presidência – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

No muro, como sempre
"Não teria sentido integrar o governo agora. Vamos manter nossa independência, mas apoiando o governo em tudo que for bom para o país" – Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo – PSD – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

"Eu disse a ela (Dilma Rousseff), e a presidente compreendeu, que esta era uma decisão definitiva, oficial, e que reflete o desejo majoritário no partido" – Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo – PSD – Folha de S. Paulo, 15-03-2013.

Tadinho dele!
“Roubaram minha vaca leiteira. De uma vez perdi um terço do meu rebanho de três vacas...” – Gilberto Carvalho, ministro – Folha S. Paulo, 15-03-2013.

Pérez Esquivel defende novo Papa

Foto: noticiasconobjetividad.wordpress


O ativista argentino dos direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel (foto), ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980, negou que seu compatriota, o cardeal Jorge Bergoglio, recém-eleito papa, tivesse vínculos com o regime militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983, como assinalaram alguns críticos do novo pontífice.
Em declarações à BBC Mundo, Pérez Esquivel disse que “houve bispos que foram cúmplices da ditadura, mas Bergoglio não”.
“Questiona-se Bergoglio porque se diz que não fez o necessário para tirar da prisão dois sacerdotes, sendo ele o superior da congregação dos jesuítas. Mas eu sei pessoalmente que muitos bispos pediam à Junta Militar a libertação de prisioneiros e sacerdotes, o que não era concedido”, acrescentou Pérez Esquivel. “Não há nenhum vínculo que o relacione com a ditadura”, garantiu o ativista à BBC Mundo.

 O Prêmio Nobel da Paz de 1980 publicou, ontem,  em seu site oficial,  o seguinte artigo:

Celebramos a nomeação do primeiro papa latino-americano na história da Igreja Católica e a sua eleição do esperançador nome Francisco para levar adiante o seu período papal.
Esperamos que ele possa trabalhar pela justiça e paz, para além das pressões e dos interesses das potências mundiais. Esperamos que ele possa deixar de lado a desconfiança vaticana com relação ao protagonismo dos povos na sua libertação. Assim como que também alente as transformações sociais que vêm sendo levadas adiante na América Latina e em outras partes do mundo, de mãos dadas com governos populares que tentam superar a noite do neoliberalismo.
Esperamos que ele tenha a coragem de defender os direitos dos povos frente aos poderosos, sem repetir os graves erros, e também pecados, que a Igreja teve. Durante a última ditadura argentina, os integrantes da Igreja Católica não tiveram atitudes homogêneas. É indiscutível que houve cumplicidades de boa parte da hierarquia eclesial no genocídio perpetrado contra o povo argentino, e embora muitos com "excesso de prudência" tenham feito gestões silenciosas para libertar os perseguidos, foram poucos os pastores quem com coragem e decisão, assumiram a nossa luta pelos direitos humanos contra a ditadura militar. Não considero que Jorge Bergoglio tenha sido cúmplice da ditadura, mas acredito que lhe faltou coragem para acompanhar a nossa luta pelos direitos humanos nos momentos mais difíceis.
Estou viajando para a Itália para celebrar um novo aniversário do martírio de Dom Oscar Arnulfo Romero, um pastor conservador que, diante da repressão em El Salvador, teve o seu caminho de Damasco para o povo e deu a sua vida pela justiça e pela paz. Oxalá também que a opção pelo nome Francisco, um dos santos mais significativos da Igreja, se expresse em testemunhos de opção e defesa dos pobres frente aos poderosos e na defesa do meio ambiente.
Francisco I não herdou um trono imperial, mas sim a humilde cadeira de um pescador. Por isso, esperamos que ele não se esqueça das palavras do bispo mártir argentino, Dom Enrique Angelelli, quando dizia que "devemos manter um ouvido no Evangelho e outro no povo, para saber o que Deus nos diz".
Paz e Bem.
Adolfo Pérez Esquivel
Prêmio Nobel da Paz

quinta-feira, 14 de março de 2013

Viva bem, sem sangue no prato!


Além do motivo de você não ser um animal feroz, que precisa matar para sobreviver, há outras excelentes razões para deixar de comer carne. 

Escolha a sua. Ou fique com todas. Mas, o mais importante é que você passe a levar um pouco de compaixão também para sua mesa e para sua vida.  


Para seu conforto e prazer 

* As comidas vegetais são mais fáceis de ser preparadas, não demandam muito cozimento e são bem mais baratas no supermercado que as carnes; 


* Os vegetais e as verduras são facilmente digeridos e deixam o corpo mais leve e mais bem disposto ao trabalho, ao lazer e ao descanso; 

* Pode-se preparar protos deliciosos e sofisticados apenas com grãos, vegetais e frutas. Além de mais saudáveis dão menos trabalho no preparo e na digestão; 

* Ninguém precisa ir buscar ingredientes raros e estranhos para uma bela e gostosa refeição vegetariana. Na cultura brasileira há pratos só com vegetais que, além de completos, são do agrodo de todos. Exemplo: arroz com feijão e salada!  



Para sua saúde 

* Gorduras animais favorecem o câncer, as doenças cardiovasculares, a obesidade, a diabete etc. 
* Carne industrializada contém, frequentemente, resíduos perigosos de pesticidas, antibióticos e hormônios. 
* Na carne, as substâncias nocivas estão, em média, 14 vezes mais concentradas do que nos alimentos vegetais. 

Para os animais 

* O sofrimento nos matadouros é tão inimaginável quanto a angústia dos peixes que sofrem uma morte cruel por asfixia. 
* A grande procura pela carne mais barata possível, causa sistemas cada vez mais cruéis de criação dos animais. 

Para o meio ambiente 

* Os dejetos da criação em massa são os principais responsáveis pela poluição de lagos e lençóis freáticos por nitrato. 
* Metade da poluição das águas causada pelo homem vem da criação de animais. O consumo de água para a produção de carne é muito maior do que o consumo para a produção de cereais. 
* O amoníaco dos dejetos animais contribui muito para a formação da chuva ácida. 
* O prolongamento da corrente alimentar por meio do animal (carne) necessita muito mais terra do que a produção direta de alimentos vegetais. 

Para o terceiro mundo 

* Enquanto nos países mais pobres, milhares de crianças morrem diariamente de fome, esses mesmos países exportam cereais e soja para alimentar animais de abate nos países industrializados. 

Para sua alma 

* O carma acumulado pela dor e pelo desespero causados aos animais mortos para serem comidos se espalha entre todos os que ingerem suas carnes;
* Não adianta imaginar que quem torturou, fez sofrer e matou foi outra pessoa. Talvez a culpa de quem compra e come carne seja maior do que a de quem os assassina para suprir os desejos de outros;
* A energia negativa de desespero e dor que impregna a carne rende muitos males ao corpo, à mente e ao espírito de quem consome essa carne.

=x=

Cada vez mais pessoas decidem adotar a alimentação vegetariana e assumem desta forma a responsabilidade pelas suas ações.
Por amor aos animais e a você mesmo,
não coma carne!


Fonte: