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sexta-feira, 8 de março de 2013

Pouco a comemorar. Muito ainda a ser feito


Menina africana no tratabalho: que futuro?
Mais uma vez a celebração do Dia Internacional da Mulher acabou se tornando um momento forte de denúncias e lamentos e não um momento de alegres comemorações. E, pelo visto, o 8 de março vai continuar sendo assim por muito e muito tempo. Infelizmente para toda a Humanidade e muito infelizmente para a maioria dos seres humanos, as mulheres, mais da metade de toda a população mundial.
Além das desigualdades cruéis que marcam o mundo da mulher em toda Terra os ataques, abusos e até mortes com conotação sexual continuam em patamares inaceitáveis dentro e fora do pais. Nos países mais pobres e nas regiões e comunidades mais carentes a situação é ainda pior. Como sempre, a miséria torna ainda mais agudos os problemas sociais.
Mas não nos iludamos. A celebrada inclusão da mulher no mercado de trabalho não foi acompanhada de mudanças na divisão sexual do trabalho doméstico. Se hoje a maioria das mulheres adultas trabalha fora de casa, apenas uma pequena parcela delas puderam se livrar ou pelo menos minorar a carga dos trabalhos domésticos considerado “serviços de mulher”.
Muitas, em todas as classes econômicas, tem a sua espera um enorme carga de tarefas ao chegarem em casa, ao contrário da maioria dos homens. Também não aconteceu melhoria no nível dos salários pagos às mulheres que quase sempre recebem menos que os homens para o desempenho da mesma função.
Os dados falam por si. São mulheres:
- mais da metade das 1,3 milhão de pessoas em situação de pobreza extrema
- as 2/3 partes das pessoas analfabetas do mundo (666 milhões)
- as que sofrem falta de cuidados sanitários, especialmente durante a
gestação
- as que sofrem abusos sexuais e comércio humano (2 milhões ao ano)
- as que são obrigadas ao casamento inclusive antes de chegarem à
maioridade
- as que não têm acesso a recursos naturais e ao crédito
- as discriminadas pelo acesso ao trabalho e ao crédito.

VIOLÊNCIA – Várias entidades de mulheres em todo o mundo denunciaram neste dia o fenômeno da “feminilização da pobreza” que é uma realidade para milhões de mulheres em todo o globo, Isto sem contar com a pequena ou quase nenhuma mudança nos índices de mulheres vítima de injustiças, violência e desigualdades no lar e no campo profissional.
No Brasil, o  Sistema Único de Saúde (SUS) revela que recebeu em seus hospitais e clínicas uma média duas mulheres por hora com sinais de violência sexual em 2012. E, apesar da propagada revolução que estaria sendo promovida para transformar essa realidade, a própria Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República é ainda crítica com relação à política governamental para o setor.
Segundo a secretaria, há um enorme déficit nos Serviços de Atendimento à Mulher disponíveis no país. Senão, vejamos:
O Brasil tem mais de 5.500 municípios e apenas:
-375 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
-115 Núcleos de atendimento
-207 Centros de Referência (atenção sócio-psicológica e orientação jurídica)
-72 Casas Abrigo
-51 Juizados Especializados em Violência Doméstica
-47 Varas Adaptadas. 
Por esta razão, ainda existe um vexatório panorama nacional, segundo apurou a o Instituto Avon/Ipsos através da Pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, realizada entre 31 de janeiro a 10 de fevereiro de 2011:
Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. 
- Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência. 
- 94% conhecem a Lei Maria da Penha, mas apenas 13% sabem seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) pensa que, ao ser denunciado, o agressor vai preso. 
- 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema. 
- Uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”.
- O parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados. 
As estatísticas, contudo, parecem não esmorecer as mulheres e os homens evoluídos, sensíveis a esse atraso sociocultural. Ao perceber a enorme dificuldade que o panorama apresenta e as pálidas conquistas obtidas a custa de muita lágrima, suor e sangue, os militantes pelo fim da discriminação de gênero não param. Ao contrário, se põem em marcha ainda mais motivados.
Afinal, esta é uma questão não apenas de evolução mas de salvação da espécie humana.

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